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quarta-feira, 13 de março de 2013

A Cabana- Capítulo 13 – Um encontro de corações

A falsidade tem uma infinidade de combinações,
mas a verdade só tem um modo de ser.
— Jean-Jacques Rousseau

Enquanto se aproximava da cabana, Mack sentiu um cheiro
delicioso que se desprendia de alguma coisa no forno. Talvez
tivesse se passado apenas uma hora desde o almoço, mas
era como se ele não tivesse comido havia horas. O aroma da
comida o conduziu até a cozinha. Mas quando chegou à porta dos
fundos ficou surpreso e desapontado ao ver que o local estava
vazio.
— Tem alguém aí? — chamou.
— Estou na varanda, Mack — a voz de Papai veio através da
janela aberta. — Pegue alguma coisa para beber e venha para cá.
Mack se serviu de um pouco de café e saiu para a varanda da
frente. Papai estava reclinada numa velha cadeira, de olhos
fechados, absorvendo o sol.
— O que é isso? Deus tem tempo de pegar um solzinho? Não
tem nada melhor para fazer nesta tarde?
— Você não faz idéia do que estou fazendo neste momento.
Mack se encaminhou para outra cadeira do lado oposto e,
enquanto ele se sentava, Papai abriu um dos olhos. Sobre uma
mesinha entre os dois havia uma bandeja cheia de bolos
de aparência maravilhosa, manteiga fresca e vários tipos de geléia.
— Uau, o cheiro é fantástico! — exclamou ele.
— Pode mergulhar de cabeça. É uma receita que peguei da
sua bisavó. — Ela riu.
Mack mordeu um dos bolinhos. Ainda estava quente e
praticamente derreteu na boca.
— Uau! Isso é bom! Obrigado!
— Bom, você terá de agradecer à sua bisavó quando a vir.
— Espero que não seja muito em breve — disse Mack entre
duas mordidas.
— Você não gostaria de saber? — perguntou Papai com uma
piscadela brincalhona e voltando a fechar os olhos.
Enquanto comia outro bolinho, Mack juntou coragem para
abrir o coração.
— Papai? — perguntou e, pela primeira vez, chamar Deus de
Papai não pareceu estranho.
— Sim, Mack? — respondeu ela, abrindo os olhos e sorrindo
com prazer.
— Eu fui muito duro com você.
— Humm, Sophia deve tê-lo afetado.
— Nem fale! Eu não fazia idéia de que estava julgando você.
Foi terrivelmente arrogante.
— Porque você estava mesmo — respondeu Papai com um
sorriso.
— Sinto muito. Eu realmente não fazia idéia... — Mack
balançou a cabeça, triste.
— Mas agora isso está no passado, que é o lugar onde deve
estar. Não quero que fique triste com isso, Mack. Só quero que
possamos crescer juntos.
— Também quero — disse Mack pegando outro bolinho. —
Não vai comer nenhum?
— Não, vá em frente. Você sabe como é, a gente vai provando
uma coisa e outra e acaba usando todo o apetite. Aproveite. —
Empurrou a bandeja na direção dele.
Mack pegou mais um bolinho e recostou-se para saboreá-lo.
— Jesus disse que foi você quem me deu um tempo com
Missy esta tarde. Não sei como agradecer!
— Ah, de nada, querido. Isso também me deu uma grande
alegria! Eu estava tão ansiosa para colocar vocês dois juntos que
mal conseguia esperar.
— Gostaria tanto que Nan estivesse aqui!
— Teria sido perfeito! — concordou Papai, empolgada.
Ficaram em silêncio por alguns instantes.
— Missy não é especial? — Ela balançou a cabeça sorrindo.
— Minha nossa, gosto especialmente daquela menina.
— Eu também! — Mack deu um sorriso largo e pensou na
sua princesa atrás da cachoeira.
— Princesa? Cachoeira? Espere um minuto! — Papai ficou
olhando enquanto as peças se encaixavam.
— Obviamente você conhece o fascínio da minha filha por
cachoeiras e pela lenda da princesa Multnomah.
Papai assentiu.
— É disso que se trata? Ela teve de morrer para que você
me mudasse?
— Espere aí, Mack. — Papai se inclinou. — Não é assim que
eu faço as coisas.
— Mas ela adorava tanto aquela história!
— Claro que sim. Por isso ela foi capaz de entender o que
Jesus fez por ela e por toda a raça humana. As histórias sobre
uma pessoa disposta a trocar sua vida pela de outra são um fio
de ouro em seu mundo e revelam tanto suas necessidades quanto
o meu coração.
— Mas se ela não tivesse morrido eu não estaria aqui agora...
— Mack, eu crio um bem incrível a partir de tragédias
indescritíveis, mas isso não significa que as orquestre. Nunca
pense que o fato de eu usar algo para um bem maior significa que
eu o provoquei ou que preciso dele para realizar meus propósitos.
Essa crença só vai levá-lo a idéias falsas a meu respeito. A graça
não depende da existência do sofrimento, mas onde há
sofrimento você encontrará a graça de inúmeras maneiras.
— Na verdade, isso é um alívio. Eu não suportaria pensar que
minha dor poderia ter cortado a vida dela.
— Ela não foi seu sacrifício, Mack. Ela é e sempre será sua
alegria. Este é um propósito suficiente para Missy.
Mack se recostou de novo na cadeira, examinando a vista da
varanda.
— Estou me sentindo preenchido!
— Bom, você comeu quase todos os bolinhos.
— Não é isso — ele riu —, e você sabe. O mundo
simplesmente parece mil vezes mais luminoso e estou me sentindo
mil vezes mais leve.
— E está, Mack! Não é fácil ser o juiz de todo o mundo.
O sorriso de Papai tranqüilizou Mack, que se sentia pisando
em terreno seguro.
— Ou julgar você. Eu estava numa tremenda confusão... pior
do que pensava. Havia me enganado totalmente com relação a
quem você é na minha vida.
— Não totalmente, Mack. Nós tivemos alguns momentos
maravilhosos também.
— Mas sempre gostei mais de Jesus do que de você. Ele
parecia tão bondoso e você tão...
— Má? É triste, não é? Jesus veio para mostrar como eu sou,
e a maioria só acredita nisso com relação a ele. Ainda acham que
fazemos o gênero "policial bom/policial mau", especialmente as
pessoas religiosas. Quando querem que os outros façam o que
elas acham certo, precisam de um Deus severo. Quando precisam
de perdão, correm para Jesus.
— É isso mesmo — concordou Mack.
— Mas nós estávamos nele. Ele refletia exatamente o meu
coração. Eu amo vocês e os convido a me amarem.
— Mas por que eu? Quer dizer, por que Mackenzie Allen
Phillips? Por que você ama alguém tão ferrado? Depois de todas as
coisas que eu senti em relação a você e de todas as acusações que
fiz, por que você se incomodaria em vir ao meu encontro?
— Porque é isso que o amor faz — respondeu Papai. —
Lembre-se, Mackenzie, eu não fico pensando nas escolhas que
você fará. Eu já sei. Vamos imaginar, por exemplo, que estou
tentando ensinar você a não se esconder dentro de mentiras — ela
piscou. — E digamos que eu sei que você vai ter que passar por 47
situações antes de me ouvir com clareza suficiente para concordar
comigo e mudar. Então, quando na primeira vez você não me ouve,
não fico frustrada nem desapontada, fico empolgada. Só faltam 46
vezes. E essa primeira vez será um tijolo para construir uma ponte
de cura que um dia, que hoje, você atravessará.
— Certo, agora estou me sentindo culpado — admitiu ele.
— Sério, Mackenzie, isso não tem nada a ver com culpa. A
culpa jamais vai ajudá-lo a encontrar a liberdade em mim. O
máximo de que ela é capaz é fazer você se esforçar mais para se
ajustar a alguma ética exterior. Eu me importo com o interior.
— Mas o que você disse... Quero dizer, sobre se esconder
atrás de mentiras. Acho que fiz isso, de um modo ou de outro,
durante a maior parte da vida.
— Querido, você é um sobrevivente. Não há vergonha nisso.
Seu pai machucou você de um modo feroz. A vida machucou você.
As mentiras são um dos lugares mais fáceis para onde os
sobreviventes correm. Elas dão um sentimento de segurança, um
lugar onde você só precisa contar consigo mesmo. Mas é um lugar
escuro, não é?
— Demais — murmurou Mack balançando a cabeça.
— Mas você está disposto a abrir mão do poder e da
segurança que esse lugar lhe promete? Esta é a questão.
— Como assim? — perguntou Mack olhando-a.
— As mentiras são uma pequena fortaleza onde você pode se
sentir seguro e poderoso.
Dentro de sua pequena fortaleza de mentiras você tenta
governar sua vida e manipular os outros. Mas a fortaleza precisa
de muros, por isso você constrói alguns. Os muros são
as justificativas para suas mentiras. Você sabe, como se estivesse
fazendo isso para proteger alguém que você ama ou para impedir
que essa pessoa sinta dor. Qualquer coisa que funcione para que
você se sinta bem com as mentiras.
— Mas o motivo pelo qual não contei a Nan sobre o bilhete foi
porque isso iria lhe causar muita dor.
— Está vendo, Mackenzie, como você precisa se justificar? O
que você disse é uma mentira descarada, mas você não consegue
ver. — Ela se inclinou para a frente. — Quer que eu lhe diga qual é
a verdade?
Mack sabia que Papai estava indo fundo, mas ainda assim
sentiu alívio e ficou tentado a quase rir alto. Estava à vontade.
— Na-ã-ão — respondeu lentamente e deu um risinho para
ela. — Mas vá em frente, de qualquer modo.
Ela sorriu de volta, depois ficou séria.
— A verdade, Mack, é que o motivo real para você ter mentido
a Nan não foi para evitar que ela sofresse. O verdadeiro motivo foi
que você estava com medo de enfrentar as emoções que poderiam
surgir, tanto as dela quanto as suas. As emoções o amedrontam,
Mack. Você mentiu para se proteger e não para protegê-la!
Ele se recostou. Papai estava absolutamente certa.
— E, além disso — continuou ela —, uma mentira dessas é
desamor. Tendo como justificativa o fato de se importar com Nan,
sua mentira prejudicou seu relacionamento com ela e o
relacionamento dela comigo. Se você tivesse contado, talvez ela
estivesse conosco aqui, agora.
As palavras de Papai acertaram Mack como um soco no
estômago.
— Você queria que ela viesse também?
— Isso seria uma decisão sua e dela, se ela tivesse tido a
chance de tomá-la. O ponto, Mack, é que você não sabe o que teria
acontecido porque estava ocupado demais tentando proteger a
Nan.
De novo ele estava afundando na culpa.
— Então o que faço agora?
— Conte a ela, Mackenzie. Enfrente o medo de sair do escuro
e conte a ela, peça perdão e deixe que o perdão dela o cure. Peça
que ela reze por você, Mack. Assuma os riscos da honestidade.
Quando fizer outra besteira, peça perdão de novo. É um processo,
querido, e a vida é suficientemente real sem precisar ser
obscurecida por mentiras. E, lembre-se, eu sou maior do que as
suas mentiras. Posso agir para além delas. Mas isso não as
torna certas nem impede o dano que elas causam ou a dor que
provocam nos outros.
— E se ela não me perdoar? — Mack sabia que esse era um
medo muito profundo com o qual convivia. Era mais seguro
continuar lançando novas mentiras na pilha crescente das velhas.
— Ah, esse é o risco da fé, Mack. A fé não cresce na casa da
certeza. Não estou aqui para lhe dizer que Nan vai perdoá-lo.
Talvez ela não queira ou não possa, mas minha vida dentro de você
vai tomar conta do risco e da incerteza para transformá-lo. Por
meio de suas escolhas, você passará a ser um contador de
verdades e esse será um milagre muito maior do que ressuscitar os
mortos.
Mack se recostou e deixou que as palavras dela assentassem.
— Por favor, perdoe-me — disse finalmente.
— Já fiz isso há muito tempo, Mack. Se não acredita,
pergunte a Jesus. Ele estava lá.
Mack tomou um gole de café, surpreso ao descobrir que a
bebida continuava quente.
— Mas eu me esforcei tremendamente para trancar você do
lado de fora da minha vida.
— As pessoas são persistentes quando se trata de garantir
sua independência imaginária. Elas acumulam e guardam a
doença como se fosse um bem precioso. Encontram sua identidade
e seu valor na mutilação e os guardam com cada grama de força
que possuem. Não é de espantar que a graça seja tão pouco
atraente. Nesse sentido você tentou trancar a porta do seu coração
por dentro.
— Mas não consegui.
— Porque meu amor é muito maior do que sua estupidez —
disse Papai, com uma piscadela. — Eu usei suas escolhas para
atingir meus propósitos. Há muitas pessoas como você, Mackenzie,
que terminam se trancando num lugar muito pequeno com um
monstro que acabará traindo-as, que não as preencherá nem lhes
dará o que elas imaginavam. Quando ficam prisioneiras de um
terror desses, têm de novo a oportunidade de retornar para mim. O
tesouro em que elas confiavam irá se tornar seu desastre.
— Então você usa a dor para forçar as pessoas a voltar? —
Era óbvio que Mack não aprovava isso.
Papai se inclinou e tocou gentilmente a mão de Mack.
— Querido, eu também o perdoei por pensar que eu poderia
ser assim. Entendo como é difícil para você começar a perceber,
quanto mais imaginar, o que são o verdadeiro amor e a bondade.
Porque você está tão perdido em suas percepções da realidade e ao
mesmo tempo tão seguro de seus julgamentos. O amor verdadeiro
nunca força. — Ela apertou a mão dele e se recostou na cadeira.
— Mas, se eu entendi o que está dizendo, as conseqüências
de nosso egoísmo fazem parte do processo que nos leva ao fim de
nossas ilusões e nos ajuda a encontrar você. É por isso que você
não impede as coisas ruins que nos acontecem? Por isso não me
avisou que Missy estava correndo perigo nem nos ajudou a
encontrá-la? — O tom de acusação estava ausente da voz de Mack.
— Se ao menos fosse tão simples, Mackenzie! Ninguém sabe
de que horrores eu salvei o mundo, porque as pessoas não podem
ver as coisas que jamais aconteceram. Todo o mal decorre da
independência e a independência foi a escolha que vocês fizeram.
Se fosse simples anular todas as escolhas de independência, o
mundo que você conhece deixaria de existir e o amor não teria
significado. O mundo não é um playground onde eu mantenho
todos os meus filhos livres do mal. O mal é o caos, mas não terá a
palavra final. Agora ele toca todos que eu amo, os que me seguem
e os que não me seguem. Se eu eliminar as conseqüências das
escolhas das pessoas, destruo a possibilidade do amor. O amor
forçado não é amor.
Mack passou as mãos pelos cabelos e suspirou.
— É simplesmente muito difícil de entender.
— Querido, deixe-me dizer um dos motivos pelos quais isso é
tão difícil de entender. É porque você tem uma visão muito
pequena do que significa ser humano. Você e a Criação são
incríveis, quer você entenda ou não. Vocês são absolutamente
maravilhosos. Só porque fazem escolhas horrendas e destrutivas,
isso não significa que mereçam menos respeito pelo que são por
essência: o auge da minha Criação e o centro do meu afeto.
— Mas... — começou Mack.
— Além disso — interrompeu ela —, não se esqueça de que
no meio de toda a sua dor e da sua mágoa você está rodeado por
beleza, pela maravilha da Criação, pela arte, pela música, pela
cultura, pelos sons de riso e amor, de esperanças sussurradas e de
celebrações, de vida nova e de transformações, de reconciliação e
perdão. Essas coisas também são resultado de suas escolhas e
toda escolha é importante, mesmo as ocultas. Então, que escolhas
não deveriam ter sido feitas, Mackenzie? Será que eu nunca
deveria ter criado? Será que Adão deveria ter sido impedido antes
de escolher a independência? Que tal a escolha de ter outra filha,
ou a escolha de seu pai de espancar o filho? Você exige
sua independência, mas depois reclama por eu amá-lo o bastante
para responder ao seu pedido.
Mack sorriu.
— Já ouvi isso antes.
Papai sorriu de volta e pegou um pedaço de bolo.
— Eu disse que Sophia mexeu com você. Mackenzie, meus
propósitos não existem para o meu conforto nem para o seu. Meus
propósitos são sempre e somente uma expressão de amor. Eu me
proponho a trabalhar a vida a partir da morte, a trazer a liberdade
de dentro do que está partido, a transformar a escuridão em luz. O
que você vê como caos, eu vejo como desdobramento. Todas as
coisas devem se desdobrar, ainda que isso ponha todos os que eu
amo no meio de um mundo de tragédias horríveis, mesmo os que
são mais próximos de mim.
— Está falando de Jesus, não é? — perguntou Mack
baixinho.
— É, eu adoro aquele garoto. — Papai afastou o olhar e
balançou a cabeça. — Tudo tem a ver com ele, você sabe. Um dia
vocês vão entender do que ele abriu mão. Simplesmente não
existem palavras.
Mack podia sentir as emoções crescendo. Algo o tocou
profundamente ao ouvir Papai falar do filho. Hesitou antes de
perguntar, mas finalmente rompeu o silêncio:
— Papai, pode me ajudar a entender uma coisa? O que
exatamente Jesus realizou ao morrer?
Ela ainda estava olhando para a floresta.
— Ah — e balançou a mão. — Não muita coisa. Apenas a
essência de tudo que o amor se propunha desde antes dos
alicerces da Criação — declarou Papai em tom casual. Depois se
virou e sorriu.
— Uau, isso é amplo demais. Pode diminuir só um
pouquinho? — perguntou Mack, achando-se ousado assim que as
palavras saíram de sua boca.
Em vez de ficar chateado, Papai sorriu para ele.
— Nossa, você está ficando metidinho! A gente dá a mão e
eles logo querem o braço.
Mack devolveu o sorriso, mas não disse nada.
— Como falei, tudo tem a ver com ele. A Criação e a história
têm tudo a ver com Jesus. Ele é o centro de nosso propósito e nele
agora somos totalmente humanos, de modo que o nosso propósito
e o destino de vocês estão ligados para sempre. Não existe
qualquer outro plano.
— Parece bem arriscado — comentou Mack.
— Talvez para vocês, mas não para mim. Nunca houve dúvida
de que conseguirei o que eu desejava desde o início. — Papai se
inclinou e cruzou os braços sobre a mesa. — Querido, você
perguntou o que Jesus realizou na cruz. Então agora me ouça
com cuidado: a morte dele e sua ressurreição foram a razão pela
qual eu agora estou totalmente reconciliado com o mundo.
— Com o mundo inteiro? Quer dizer, com os que acreditam
em você, não é?
— Com o mundo inteiro, Mack. Estou dizendo que a
reconciliação é uma rua de mão dupla e eu fiz a minha parte,
totalmente, completamente, definitivamente. Não é da natureza do
amor forçar um relacionamento, mas é da natureza do amor abrir
o caminho.
Após dizer isso, Papai levantou-se e pegou alguns pratos para
levar para a cozinha.
Mack balançou a cabeça e ergueu os olhos.
— Então eu realmente não entendo o que é reconciliação e
realmente morro de medo de emoções. É isso?
Papai não respondeu imediatamente, mas balançou a cabeça.
Mack a ouviu resmungar e murmurar, como se falasse com ela
mesma:
— Homens! Algumas vezes são tão idiotas!
Ele não podia acreditar.
— Ouvi Deus me chamar de idiota? — gritou pela porta de
tela. Viu-a dar de ombros antes de desaparecer na virada do
corredor.
Depois ela gritou em sua direção:
— Se a carapuça serve, querido. Sim senhor, se a carapuça
serve...
Mack riu e se recostou na cadeira. Sentia-se exausto. O
tanque do cérebro estava mais do que cheio, assim como o
estômago. Levou o resto dos pratos para a cozinha, depositou-os
na bancada, deu um beijo no rosto de Papai e foi para a porta dos
fundos.

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