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quarta-feira, 13 de março de 2013

A Cabana- Capítulo 9 – Há muito tempo, num jardim muito, muito distante

Mesmo que encontrássemos outro Éden,
não teríamos condição de desfrutá-lo perfeitamente
nem de ficar lá para sempre.
— Henry Van Dyke

Mack acompanhou Sarayu pela porta dos fundos do melhor
modo que pôde e seguiu pelo caminho, passando pela aléia de
pinheiros. Andar atrás de um ser daqueles era como seguir
um raio de sol. A luz parecia se irradiar dela e refletir sua presença
numa infinidade de lugares ao mesmo tempo.
Mack concentrou-se no caminho. Enquanto rodeava as
árvores, viu pela primeira vez um magnífico jardim e pomar,
contido num terreno que não teria mais de 4 mil metros
quadrados.
Mack imaginara um jardim em estilo inglês, perfeitamente
cuidado e organizado. Não era assim!
Era um caos de cores. Jorros ofuscantes de flores se
espalhavam em meio a legumes, verduras e ervas plantados
aleatoriamente, um tipo de vegetação que Mack nunca vira.
Era confuso, espantoso e incrivelmente lindo.
— Para mim parece uma confusão — murmurou Mack
baixinho.
Sarayu parou e se virou para Mack, com o rosto glorioso.
— Mack! Obrigada! Que elogio maravilhoso! — Ela olhou o
jardim ao redor. — É exatamente isso, uma confusão.
Sarayu se aproximou de uma erva, arrancou alguns brotos e
virou-se para Mack.
— Papai não estava brincando no café da manhã — disse, a
voz parecendo mais música do que qualquer outra coisa. — É
melhor você mastigar essa erva por alguns minutos. Vai se
contrapor ao "movimento" natural daquelas verduras que você
comeu demais, se é que me entende.
Mack deu um risinho enquanto aceitava e, com algum
cuidado, começou a mastigar.
— É, mas o gosto daquelas verduras era bom demais! — Seu
estômago havia começado a se revirar um pouco. O gosto da erva
não era desagradável: uma sugestão de hortelã e alguns outros
temperos que ele provavelmente já havia cheirado antes, mas que
não podia identificar. Enquanto andavam, seu estômago foi se
aplacando e ele relaxou.
Sem dizer uma palavra, tentou seguir Sarayu de um lugar a
outro no jardim, mas acabou se distraindo com as incríveis
misturas de cores. Era tudo maravilhosamente espantoso e
inebriante.
Sarayu parecia muito concentrada numa tarefa específica.
Oscilava como um vento brincalhão e ele jamais sabia exatamente
para onde ela estava soprando. Achava bastante difícil
acompanhá-la.
Ela se movia pelo jardim cortando várias flores e ervas e
entregando para Mack carregar. O buquê improvisado ficou
bastante grande, uma linda massa aromática diferente de qualquer
coisa que ele já havia cheirado e tão forte que quase dava
para sentir o gosto.
Depositaram o buquê final dentro de uma pequena oficina
que Mack não havia notado antes, como se estivesse enterrada
num adensamento de mato selvagem.
— Uma tarefa terminada — anunciou Sarayu — e outra pela
frente.
Entregou a Mack uma pá, um ancinho, uma foice e um par
de luvas e flutuou por uma trilha coberta de mato que parecia ir
em direção à extremidade mais distante do jardim. Pelo caminho,
às vezes diminuía a velocidade para tocar uma planta ou uma flor,
sempre cantarolando a música repetitiva que havia cativado Mack
na tarde anterior. Ele seguia, obediente, levando as ferramentas.
Quando Sarayu parou, Mack quase chocou-se com ela. De
algum modo Sarayu havia mudado; agora vestia roupas de
trabalho: jeans com estampados loucos, uma camisa de trabalho e
luvas. Estavam num local aberto, rodeado por pereiras e cerejeiras,
no meio do qual havia uma cascata de arbustos com flores roxas e
amarelas de tirar o fôlego.
— Mackenzie — ela apontou diretamente para o incrível
trecho florido —, gostaria que você me ajudasse a limpar todo esse
terreno. Há uma coisa muito especial que quero plantar aqui
amanhã, e temos de deixar tudo pronto. — Olhou para Mack e
estendeu a mão para a foice.
— Você não pode estar falando sério! Isso é tão maravilhoso!
Mas Sarayu pareceu não notar. Sem mais explicações, virouse
e começou a destruir o espetáculo artístico das flores. Fazia
cortes limpos, aparentemente sem esforço. Mack deu de ombros,
calçou as luvas e começou a amontoar em pilhas o estrago que ela
estava fazendo. Lutava para acompanhar o ritmo. Para ela talvez
não fosse um esforço, mas para ele era um trabalho estafante.
Vinte minutos depois, todas as plantas estavam cortadas junto às
raízes e o terreno parecia uma ferida no jardim. Os antebraços
de Mack estavam riscados com marcas de arranhões dos galhos
que havia empilhado. Estava sem fôlego e suando, feliz por
terminar. Sarayu parou, examinando o trabalho.
— Não é empolgante? — perguntou.
— Já me empolguei com coisas melhores — retrucou Mack,
sarcástico.
— Ah, Mackenzie, se você soubesse. Não é o trabalho, e sim o
propósito que o torna especial. E — ela sorriu — é o único tipo que
eu faço.
Mack se apoiou no ancinho, olhou o jardim ao redor e os
vergões vermelhos nos braços.
— Sarayu, sei que você é o Criador. Mas você fez as plantas
venenosas, as urtigas e os mosquitos também?
— Mackenzie — respondeu Sarayu, parecendo se mover junto
com a brisa. — Para fazer algo diferente, um ser criado tem que
partir do que já existe.
— Então você está dizendo que...
— ... criei tudo que existe, inclusive as coisas que você
considera ruins — completou Sarayu. — Mas, quando as criei, elas
eram boas, porque é assim que eu sou. — Ela pareceu quase se
dobrar numa reverência antes de retomar sua tarefa.
— Mas — continuou Mack, insatisfeito — então por que
tantas coisas "boas" ficaram "ruins"?
Agora Sarayu parou antes de responder.
— Vocês, humanos, são verdadeiramente cegos em relação ao
seu lugar na Criação. Escolheram o caminho devastado da
independência e não compreendem que estão arrastando toda a
Criação com vocês.
Ela balançou a cabeça e o vento sussurrou pelas árvores
próximas.
— É muito triste, mas não será assim para sempre.
Os dois desfrutaram alguns instantes de silêncio, enquanto
Mack contemplava as várias plantas ao alcance de sua vista.
— Então existem plantas venenosas neste jardim? —
perguntou.
— Ah, sim — exclamou Sarayu. — São algumas das minhas
prediletas. Há certas plantas perigosas ao toque, como esta aqui.
— Ela estendeu a mão para um arbusto próximo e arrancou algo
que parecia um graveto morto com apenas algumas folhas
minúsculas que brotavam da haste. Entregou a Mack, que
levantou as duas mãos evitando tocá-lo.
Sarayu riu.
— Eu estou aqui, Mack. Há ocasiões em que é seguro tocar e
ocasiões em que é preciso tomar precauções. Esta é a maravilha e
a aventura da exploração, uma parte do que vocês chamam de
ciência: discernir e descobrir o que nós escondemos.
— Então por que esconderam?
— Por que as crianças adoram brincar de esconde-esconde?
Pergunte a qualquer pessoa que tenha paixão por explorar,
descobrir e criar. Escolhemos esconder tantas maravilhas de vocês
como um ato de amor, um verdadeiro presente dentro do processo
da vida.
Mack estendeu a mão cautelosamente e pegou o galho
venenoso.
— Se você não tivesse me dito que era seguro tocar, ele teria
me envenenado?
— Claro! Mas, se eu o der para você tocar, é diferente.
— Então por que criar plantas venenosas? — perguntou
Mack, devolvendo o galho.
— Sua pergunta parte do princípio de que o veneno é algo
ruim, uma coisa sem propósito. Muitas das supostas plantas
ruins, como esta, contêm propriedades incríveis de curar ou são
necessárias para criar maravilhas magníficas quando combinadas
com outros elementos. Os humanos apressam-se em declarar que
algo é bom ou ruim sem saber de fato.
Sarayu estendeu uma pá pequena para Mack e pegou o
ancinho.
— Para preparar este terreno, devemos arrancar as raízes de
todas as plantas maravilhosas que estavam aqui. É trabalho duro,
mas vale a pena. Se as raízes estiverem aí, prejudicarão as
sementes que iremos plantar.
— Certo — grunhiu Mack, enquanto os dois se ajoelhavam no
terreno recém-limpo. De algum modo Sarayu conseguia enfiar as
mãos mais fundo no chão e encontrar as pontas das raízes,
trazendo-as sem esforço à superfície. Deixou as mais curtas para
Mack, que usava a pazinha para arrancá-las. Depois jogavam as
raízes numa das pilhas que Mack havia juntado antes.
— Mais tarde vou queimar isso — disse ela.
— Antes você estava falando que os humanos declaram que
as coisas são boas ou ruins sem conhecer? — perguntou Mack,
sacudindo a terra de uma raiz.
— É. Estava falando especificamente da árvore do
conhecimento do bem e do mal.
— A árvore do conhecimento do bem e do mal?
— Exato! — declarou ela. — E agora, Mackenzie, você está
começando a entender por que comer o fruto mortal daquela
árvore foi tão devastador para a sua raça.
— Na verdade eu nunca havia pensado muito nisso — disse
Mack, intrigado. — Então houve um jardim de verdade? Quer
dizer, o Éden?
— Claro. Eu lhe disse que tenho uma queda por jardins.
— Isso vai incomodar algumas pessoas. Tenho alguns amigos
que não vão gostar disso — observou Mack, enquanto lutava com
uma raiz teimosa.
— Não faz mal. Eu gosto muito deles.
— Estou surpreso — disse Mack com um certo sarcasmo e
sorriu para ela. Cravou a pá na terra, pegando com a mão a raiz
que estava por cima. — Então fale da árvore do conhecimento do
bem e do mal.
— É disso que estávamos falando no café da manhã. Primeiro
quero fazer uma pergunta a você. Quando algo lhe acontece, como
você determina se é uma coisa boa ou ruim?
Mack pensou um momento antes de responder.
— Bom, na verdade nunca pensei nisso. Acho que eu diria
que algo é bom quando eu gosto, quando faz com que eu me sinta
bem ou me dá um sentimento de segurança. Por outro lado, eu
diria que uma coisa é ruim se me causa dor ou custa algo que eu
quero.
— Então é bastante subjetivo?
— Acho que sim.
— E até que ponto você confia em sua capacidade de
discernir o que é bom ou o que é ruim para você?
— Para ser honesto, acho que tenho razão de ficar com raiva
quando alguém ameaça o que eu considero "bom", o que eu acho
que mereço. Mas não sei realmente se existe algum fundamento
lógico para decidir o que é bom ou ruim, a não ser o modo como
algo ou alguém me afeta. — Ele parou para descansar e recuperar
o fôlego. — Tudo parece relacionado comigo e com meus
interesses, acho. E minha ficha também não é das melhores.
Algumas coisas que eu inicialmente achava boas acabaram
sendo terrivelmente destrutivas, e outras que eu achava ruins,
bem, acabaram sendo...
Ele hesitou antes de finalizar o pensamento, mas Sarayu o
interrompeu.
— Então é você que determina o que é bom e o que é ruim.
Você se torna o juiz. E, para tornar as coisas ainda mais confusas,
aquilo que você determina que é bom acaba mudando com o tempo
e as circunstâncias. E, pior ainda, há bilhões de vocês, cada um
determinando o que é bom e o que é ruim. Assim, quando o seu
bom e o seu ruim se chocam com os do vizinho, seguem-se brigas,
discussões e até guerras.
As cores que se moviam dentro de Sarayu estavam
escurecendo enquanto ela falava, pretos e cinzas se misturando e
sombreando os tons de arco-íris.
— E, se não há uma realidade do bem que seja absoluta, você
perde qualquer base para avaliar. É apenas linguagem e podemos
muito bem trocar a palavra bem pela palavra mal.
— Dá para perceber que isso pode ser um problema —
concordou Mack.
— Um problema? — disse Sarayu, quase com rispidez,
enquanto se levantava e o encarava. Ela estava perturbada, mas
Mack sabia que isso não era contra ele. — De fato! A escolha de
comer daquela árvore rasgou o universo, divorciando o espiritual
do físico. Eles morreram expelindo no hálito de sua escolha o
próprio hálito de Deus. Eu diria que isso é um problema!
Na intensidade de sua fala, Sarayu havia se alçado
lentamente do chão. Mas agora, enquanto baixava ao solo, sua voz
chegou mais nítida.
— Aquele foi um dia de grande tristeza.
Nenhum dos dois falou durante quase 10 minutos enquanto
trabalhavam. À medida que continuava arrancando raízes e
jogando-as na pilha, a mente de Mack trabalhava para entender as
implicações do que Sarayu havia dito. Por fim ele rompeu o
silêncio.
— Agora posso ver — confessou — que gastei a maior parte
do meu tempo e da minha energia tentando adquirir o que eu
achava que era bom, como a segurança financeira, a saúde, a
aposentadoria, ou sei lá o quê. E gastei uma quantidade gigantesca
de energia e preocupação temendo o que determinei que era mau.
— Mack deu um suspiro fundo.
— Quanta verdade há nisso! — disse Sarayu com gentileza. —
Lembre-se. Isso permite que vocês brinquem de Deus em sua
independência. Por essa razão, uma parte de vocês prefere não me
ver. E vocês não precisam de mim para criar sua lista do que é
bom e ruim. Mas precisam de mim se tiverem qualquer desejo de
parar com essa ânsia tão insana de independência.
— Então há algum modo de consertar?
— Você deve desistir de seu direito de decidir o que é bom e
ruim e escolher viver apenas em mim. É um comprimido difícil de
engolir. Para isso você deve me conhecer o bastante, a ponto de
confiar em mim e aprender a se entregar à minha bondade
inerente.
Mack teve a impressão de que Sarayu se virou para ele.
— Mackenzie, o mal é uma palavra que usamos para
descrever a ausência de Deus, assim como usamos a palavra
escuridão para descrever a ausência de Luz, ou morte
para descrever a ausência de Vida. Tanto o mal quanto a escuridão
só podem ser entendidos em relação à Luz e ao Bem. Eles não têm
existência real. Eu sou a Luz e eu sou o Bem. Sou Amor e não há
escuridão em mim. A Luz e o Bem existem realmente. Assim,
afastar-se de mim irá mergulhar você na escuridão. Declarar
independência resultará no mal, porque, separado de mim, você só
pode contar consigo mesmo. Isso é morte, porque você se separou
de mim, que sou a Vida.
— Uau! — exclamou Mack, sentando-se por um momento. —
Isso real mente ajuda. Mas também posso ver que abrir mão dos
meus direitos de independência não será um processo fácil.
Poderia significar que...
Sarayu interrompeu a frase dele outra vez.
— ... que de alguma forma o bem pode ser a presença do
câncer ou a perda de ganhos financeiros, ou mesmo de uma vida.
— É, mas diga isso à pessoa com câncer ou ao pai cuja filha
morreu — reagiu Mack, um pouco mais sarcasticamente do que
havia pretendido.
— Ah, Mackenzie. Você acha que nós não pensamos neles?
Cada um deles era o centro de outra história que não é contada.
— Mas — Mack podia sentir seu controle se esvaindo
enquanto cravava a pá com força — Missy não tinha o direito de
ser protegida?
— Não, Mack. Uma criança é protegida porque é amada e não
porque tem o direito de ser protegida.
Isso o fez parar. De algum modo, o que Sarayu acabara de
dizer pareceu virar o mundo de cabeça para baixo e ele lutou para
encontrar um ponto de apoio. Sem dúvida devia haver alguns
direitos aos quais ele poderia legitimamente se agarrar.
— Mas e...
— Os direitos são o que os sobreviventes procuram para não
terem de trabalhar os relacionamentos — interveio ela.
— Mas, se eu abrir mão...
— Então começará a entender a maravilha e a aventura de
viver em mim — interrompeu ela de novo.
Mack estava ficando frustrado. Falou mais alto:
— Mas eu não tenho o direito de...
— De terminar uma frase sem ser interrompido? Não, não
tem. Na realidade, não. Mas, enquanto você achar que tem,
certamente ficará irritado quando alguém o interromper, mesmo
que seja Deus.
Ele ficou perplexo e se levantou, encarando-a, sem saber se
tinha um ataque de fúria ou se ria. Sarayu sorriu para ele.
— Mackenzie, Jesus não se agarrou a nenhum direito.
Tornou-se um servo por livre vontade e vive seu relacionamento
com Papai. Abriu mão de tudo, de modo que ao longo de sua vida
independente deixou uma porta aberta que permitiria a você viver
suficientemente livre para abdicar de seus direitos.
Nesse momento, Papai desceu pelo caminho carregando duas
sacolas de papel. Sorria enquanto se aproximava.
— Bem, pelo que vejo, vocês dois estão tendo uma conversa.
— Ela piscou para Mack.
— A melhor! — exclamou Sarayu. — E adivinhe só! Ele disse
que nosso jardim era uma confusão. Não é perfeito?
As duas deram um largo sorriso para Mack, que ainda não
tinha certeza absoluta de que não estavam brincando com ele. Sua
raiva começou a diminuir, mas ainda podia sentir o rosto ardendo.
As duas pareceram não notar.
Sarayu estendeu a mão e deu um beijo no rosto de Papai.
— Como sempre, sua noção de tempo é perfeita. Tudo que eu
precisava que Mack fizesse aqui está terminado. — Virou-se para
ele. — Mackenzie, você é um deleite! Obrigada por seu trabalho
duro.
— Na verdade, não fiz grande coisa — ele respondeu em tom
de desculpa. — Quero dizer, olhe essa bagunça. — Seu olhar
passou pelo jardim que os rodeava. — Mas é realmente lindo e
pleno de você, Sarayu. Mesmo que pareça que ainda resta um
monte de trabalho a ser feito, sinto-me estranhamente à vontade e
tranqüilo aqui.
As duas se entreolharam e riram.
Sarayu foi na direção dele até invadir seu espaço pessoal.
— E não é de espantar, Mackenzie, porque este jardim é a
sua alma. Esta confusão é você! Juntos, você e eu estivemos
trabalhando com um propósito no seu coração. E ele é selvagem,
lindo e perfeitamente em evolução. Para você parece
uma confusão, mas eu vejo um padrão perfeito emergindo,
crescente e vivo.
O impacto das palavras de Sarayu quase fez desmoronar
todas as reservas de Mack.
Ele olhou de novo o jardim das duas — seu jardim —, e era
mesmo uma confusão, mas ao mesmo tempo incrível e
maravilhoso. E, além disso, Papai estava aqui e Sarayu adorava
a confusão. Era quase demais para compreender e de novo suas
emoções cuidadosamente guardadas ameaçaram se derramar.
— Mackenzie, Jesus gostaria de levá-lo num passeio, se você
quiser ir. Preparei um lanche para o caso de ficarem com fome.
Deixo-o livre até a hora do chá.
Enquanto se virava para pegar as sacolas do lanche, Mack
sentiu Sarayu passar, beijando seu rosto, mas não a viu ir embora.
Sentiu que podia vê-la avançar, como se fosse o vento, as plantas
se dobrando, uma de cada vez, parecendo cultuá-la. Quando se
virou de volta, Papai também havia sumido e por isso foi na
direção da carpintaria para ver se conseguia encontrar Jesus.
Parecia que os dois tinham um compromisso.

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